A Marinha do Iêmen encontra-se efetivamente fragmentada em duas entidades separadas como resultado da guerra civil em curso. O governo internacionalmente reconhecido, apoiado por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, controla nominalmente um remanescente da frota pré-guerra. Em contraste, o movimento Houthi (Ansar Allah) desenvolveu uma potente capacidade naval assimétrica, influenciando significativamente a segurança marítima no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.
A Marinha oficial do Iêmen, historicamente baseada em Áden e Hodeidah, era uma força pequena mesmo antes do conflito, e o seu estado operacional atual está severamente degradado. Os seus ativos eram uma mistura de embarcações de fabricação soviética/russa e chinesa, incluindo pequenas corvetas e lanchas de mísseis. Muitas delas foram destruídas ou caíram em desuso no início da guerra civil. As forças navais do governo internacionalmente reconhecido estão agora largamente integradas nas operações marítimas da coalizão liderada pela Arábia Saudita, focando-se em patrulhas costeiras e tentando apoiar as forças terrestres. A sua capacidade de agir independentemente é limitada, e não há programas significativos de construção naval em curso, sendo quaisquer novos ativos provavelmente doações de parceiros da coalizão.
O movimento Houthi demonstrou uma compreensão sofisticada da guerra naval assimétrica. Sem uma frota tradicional, eles empregam uma gama de armamentos avançados e frequentemente fornecidos pelo Irã para exercer influência muito além do que o seu poder naval convencional sugeriria. As suas capacidades incluem mísseis de cruzeiro e balísticos antinavio, veículos aéreos não tripulados (drones) e embarcações de superfície não tripuladas (USVs), frequentemente referidas como "drone boats". Eles têm usado estes meios para atingir navios mercantes e navios de guerra da coalizão, perturbando o comércio global através do crucial Estreito de Bab al-Mandeb. Esta estratégia visa aplicar pressão internacional e reforçar a sua posição dentro do Iêmen.
A estratégia marítima Houthi não é de controlo do mar, mas de negação do mar. Ao ameaçar uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, eles atraíram uma resposta naval internacional significativa, incluindo a Operação Prosperity Guardian liderada pelos EUA e a Operação Aspides da UE. O alcance operacional dos ataques de drones e mísseis Houthi estendeu-se, por vezes, por todo o Mar Vermelho e até ao Golfo de Áden. As suas táticas baseiam-se em lançadores móveis e difíceis de detetar e no uso de inteligência, alegadamente por vezes fornecida pelo Irã, para atingir embarcações. Isso permitiu-lhes manter um elevado ritmo operacional, apesar dos extensos contra-ataques das forças dos EUA e aliadas.